Manifesto
O Movimento para a Emancipação da Poesia
Milão, 2018
Hoje em dia, na vulgar sociedade contemporânea, a poesia não desempenha o papel que lhe seria destinado por razões culturais e históricas. E não porque ela tenha perdido a capacidade de comunicar e despertar emoções, sentimentos e fantasias, mas porque, embora as pessoas continuem a escrevê–la, não continuamos a lê–la, preferindo entretenimento barato e vazio a exercícios mais nobres e laboriosos da alma e do pensamento.
O MeP não pretende redefinir o conceito ou circunscrever a poesia a um “ismo” particular. Não se quer vincular a uma homogeneidade estilística ou temática, uma vez que nasceu como um movimento de emancipação da
poesia entendida nas suas várias formas.
Ainda, o MeP tem como objectivo devolver à poesia o papel hegemónico que ela merece sobre as outras artes e, ao mesmo tempo, não a deixar como prerrogativa exclusiva de uma pequena elite, mas sim trazê–la de volta ao
povo, nas ruas e nas praças. As acções com que pretendemos encetar tudo isso são múltiplas, e não desdenhamos a arrogância de algumas delas, porque contrariamente a uma lenta e pacífica obra de sensibilização, acções de forte impacto são capazes de produzir um efeito imediato. Procuramos, onde for possível, ligar–nos a essa propriedade intrínseca da palavra escrita que torna impossível a quem olha para ela não a ler, porque a palavra pode pser lida e descodificada no preciso momento em que é vista.
O Movimento para a Emancipação da Poesia
Florença, 2010